quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Guardar-te


Guardar-te


"E como vais me guardar?", me perguntas tu. "Escolhi o silêncio para te guardar", respondo eu. Não por falta de opção. Poderia te contar a alguns que quisessem ouvir. Sempre há essa gente. E nem sempre essa gente é bem intencionada. Mas não me importa. Não vou entrar nesse mérito.
Meu propósito é o outro. É o silêncio. Foi ele que escolhi para te manter em mim, para sempre. E para sempre não como um casamento ou como qualquer outro laço que pode mudar de propósitos. Meu propósito contigo será eternamente o mesmo.

"E por quê retomar isso agora?", me perguntas tu. "Não sei", respondo eu. Não importa o motivo, na verdade. O que importa é apenas o que ficou perpetuamente para trás. Para um tempo mais que perfeito, que acontecera antes de tudo ter mudado. E embora não sejamos mais os mesmos hoje, eu acho isso bom. Imortalizo em silêncio o que fomos. Não há porque imortalizar o agora. Ele apenas não significa mais.

"E o que tu queres com isso?", me perguntas tu. "Apenas lembrar". Lembrar que mesmo sendo passado, ainda é verdadeiro. Que o tempo não matou. E no meu silêncio continuarei a te guardar. Independente do que pensas hoje. E até do que já pensou. Guardar-te como o meu grande segredo eternamente imóvel. Isso te torna, quer queiras ou não, sempre meu. E meu de um jeito que nem tu podes me tirar ou, de fato, conhecer. Sempre te guardarei como uma lembrança silenciosa apenas minha.





Até o próximo Deboche ou Devaneio ;*